segunda-feira, 16 de março de 2009

Adaptando-se ao que é Novo!

REFORMA ORTOGRÁFICA
Meus professores me diziam há bem pouco tempo atrás que idéia tinha acento agudo, que usava-se acento diferencial para distinguir as palavras, e que lingüiça e conseqüência sempre levavam trema. Todavia, sempre é uma definição vasta demais e além de tudo, perigosa. "A casa caiu". O conceito que estava definido para os estudantes, para os professores, gramáticos, publicitários, advogados e falantes da língua se retirou de cena sem nem sequer receber aplausos ou vaias. Só se foi. O trema vai deixando aos poucos nossas gramáticas, os hífens mudam de lugar, somem e desaparecem nas palavras nos dicionários. Não, não é o fim do mundo, é a Reforma. Mudar padrões, conceitos e temas que já têm espaço garantido é um desafio. Desafio de aceitação, desafio de adaptação, de coerência e de padronização. Para um jovem de hoje, pensar que o bê-á-bá que seus filhos aprenderão será diferente do seu, assusta. Para qualquer um de nós, pensar que a nossa antiga infra-estrutura vai virar a enorme infraestrutura com todas as letras juntas, assusta. E que qualquer feito heróico não será mais heróico, será pura e simplesmente heroico, assusta também. O começo é descoberta, espanto, pasmo. O que era de nosso domínio, sai da nossa "zona de conforto" e começa a fugir de nossas mãos. É difícil pensar que uniformizar a língua talvez seja cortar suas asas. É tão bonito ver as diferenças, as singularidades e até aquele jeito "abrasileirado" de falar, que, depois de um tempo, deixou de ser incorreto para virar informal, idiossincrático. A cristalização é que não é bonita. Ela é densa, pesada demais. E essa linguagem densa, sobrecarregada, linguagem de terno e gravata, enfadonha, nada tem a ver com o nosso espírito brasileiro que é leve, expansivo e tem aquele tempero que é diferente em cada um de nós.E se um dia ninguém lembrar do trema? Verdade é que muitas pessoa não sabiam utiliza-lo, mas ele estava lá. Será que, quando finalmente formos obrigados a fazer uso da língua reformada, não sentiremos um vazio nas gramáticas e lembramos com saudade dos "dois pinguinhos em cima do u"? Será que a feiúra vai ficar mais feia sem acento, ou a pêra vai ser menos suculenta sem o gracioso "chapeuzinho" acima do e?É fato que terão que se adaptar os livros, os anúncios, os romances, as bulas de remédio, os roteiros de viagem, as provas, os encartes de supermercado... Mas, e nós? Será que conseguiremos apagar e depois preencher as lacunas da nossa memória?Mudar é preciso, mas ninguém nunca disse que era fácil.

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